O QUE ACHA DO INFOTV

sábado, 26 de março de 2011

AUDIENCIAS SIC

Após a confirmação do cenário de instabilidade política -desencadeada pela não viabilização do PEC pela oposição, aguardava-se com expetativa a entrevista de Passos Coelho á SIC. Que balanço fazer? Cremos que há quatro notas a reter:a) Em termos formais, Passos Coelho foi muito analítico nas respostas, excessivamente prolixo. Demasiado vago, fazendo lembrar os alunos que estão pouco à vontade na matéria, compensando em palavras uma certa vacuidade de ideias. Teve diante de si uma entrevistadora bastante dura, com questões claras, contundentes e de resposta delicada. Viu-se que Passos Coelho jogou à defesa: não avançando muito  as propostas do PSD, repetindo ideias já apresentadas até à exaustão  pela direção social-democrata.  No final, a hesitação e uma certa falta de confiança de Passos eram evidentes (o seu olhar já não se fixava diretamente na jornalista, mas dirigia-se para o lado ou para um papel que Passos tinha como suporte).b) Quanto ao conteúdo, Passos Coelho esteve bem na explicação da não concessão de uma nova oportunidade ao executivo de José Sócrates. O governo estava desorientado, foi desonesto ao não ouvir o maior partido da oposição - e o PSD não iria fazer novamente a figura de Calimero em nome de um suposto interesse nacional.  Contudo, Passos trocou o passo quando tentou explicar por que razão o PSD não apresentou uma moção de censura ao Governo. Parece, pois, que, de fato, o PEC foi o pretexto que o PSD arranjou para deitar abaixo o Governo e precipitar a realização de eleições. Independentemente do mérito ou demérito substancial das novas medidas de austeridade. Pessoalmente, dá-me grande satisfação metafísica verificar que se confirma aquilo que antevi quando o PSD votou contra a moção de censura: que não se iria perceber a razão de interesse nacional que leva um partido a rejeitar a censura ao executivo e volvidas três semanas não viabilizar o PEC, desencadeando a tão temida crise política.  A maioria dos comentadores concorda comigo - o que é um duplo prazer metafísico. Uma nota adiconal: Passos Coelho caiu no ridículo quando afirmou que, caso o Governo não caísse por causa do PEC, o PSD iria apresentar uma moção de censura. Mentira: todos sabemos que o PSD iria aguardar pelo Orçamento de Estado para o próximo ano para dar o golpe final no Governo. Valia pena mentir aos portugueses nesta matéria? Resulta da entrevista que Passos, mais do que discordâncias de fundo em relação ao PEC, percebeu que não tinha mais margem de manobra para aguentar José Sócrates. Prova irrefutável: cabe na cabeça de alguém que Passos critique as medidas por acentarem demasiado no lado da receita e não na despesa - e depois a primeira brilhante (ironicamente falando) ideia que tem é aumentar oa impostos, ainda para mais o IVA (socialmente mais injusto? c) Ademais, Passos Coelho desvalorizou o efeito da instabilidade política nos mercados e pronunciou-se contra a diabolização da entrada do FMI. Não é verdade: os juros da dívida pública aumentaram, apenas uma agência de notação não desceu o rating da dívida pública - e a pressão dos mercados fez-se sentir. Quanto ao FMI, o PSD parece que considera que o FMI é a rainha Santa Isabel que irá fazer o milagre das rosas.  Pessoalmente, considero preocupante que o maior partido da oposição tenha como única solução a vinda de ajuda externa! Fica a sensação de que quer provocar a vinda do fundo - tanto mais estúpido se pensarmos que as medidas que serão aplicadas pelo FMI serão, com poucas diferenças, as medidas do governo que o PSD inviabilizou! Eu - e espero que a maioria dos portugueses- prefiro resolver os problemas nacionais através dos órgãos de soberania nacionais! Passos esteve muito mal neste ponto. Um futuro primeiro-ministro deve falar verdade -mas, ao mesmo tempo, transmitir confiança.   d) Por último, no que respeita à revogação do regime de avaliação dos professores, Passos Coelho deu uma justificação tonta para a mudança de posição do partido, dando razão à ministra da educação e a Pacheco Pereira: a suspensão, para além de inconstitucional (viola o princípio da separação de poderes, porque a AR não exerce a função administrativa, logo, não pode revogar um regulamento), revela um populismo e uma demagogia confrangedoras. Vai uma aposta que quando o PSD for governo vai recuperar esta avaliação dos professores?
FONTE ECONOMICO

Sem comentários:

Enviar um comentário